O teste de Dickey e Fuller Amplo (ADF) é necessário quando se pressupõe resíduos não correlacionados. Por isso, envolve defasagens da variável dependente para contornar o problema de autocorrelação serial. O valor de \(\rho\) deve, então, ser tal que torne os resíduos (\(e_t\)) ruído branco. Vários procedimentos têm sido utilizados para a determinação do valor de \(\rho\) a partir do número de defasagens que permita um modelo ruído branco, podendo citar os critérios de AIC (Akaike), SBC (Schwarz) e HQ (Hannan-Quinn).
\[AIC: T \ln (\text{Soma dos Quadrados dos Resíduos}) + 2k\]
\[SBC: T \ln (\text{Soma dos Quadrados dos Resíduos}) + k \ln (T)\]
\[HQ: T \ln (\text{Soma dos Quadrados dos Resíduos}) + 2 \ln (T)\]
Onde, \(k\) = número de parâmetros estimados;
\(T\) = número de observações utilizadas.
O teste de \(Q\) de Ljung-Box dá a indicação da existência ou não de autocorrelação serial, sendo utilizados como procedimentos auxiliares na determinação do valor de \(\rho\). Admita o seguinte modelo:
\[
\Delta y_t = \alpha y_{t-1} + e_t
\]
onde \(\alpha = \rho - 1\). A hipótese de que \(\rho\) é igual a 1 é equivalente à hipótese de que \(\alpha = 0\). A estatística do teste, no entanto, passa a ser:
\[
t = \frac{\alpha^*}{S_{\alpha^*}}
\]
onde \(\alpha^*\) é o estimador de mínimos quadrados de \(\alpha\) e \(S_{\alpha^*}\) é o erro padrão estimado de \(\alpha^*\). A tabela em anexo deve ser usada para a realização do teste. A parte da tabela que deve ser usada para o teste depende de se o modelo é assumido sem constante ou tendência (\(\tau\)), com constante mas sem tendência (\(\tau_\mu\)) e com constante e tendência (\(\tau_{\tau}\)).
Entretanto, nem todas as séries de tempo podem ser representadas por um processo autoregressivo de primeira ordem. Em alguns casos, um modelo apropriado pode ser (Enders, 1995):
\[
y_t = \alpha_1 y_{t-1} + \alpha_2 y_{t-2} + \cdots + \alpha_p y_{t-p} + e_t
\]
o qual pode ser reescrito da seguinte forma:
\[
\Delta y_t = \alpha + \rho_1 y_{t-1} + \sum_{i=1}^{p-1} \beta_i \Delta y_{t-i-1} + e_t
\]
O coeficiente de interesse é \(\rho_1\). Se \(\rho_1 = 0\), tem uma raiz unitária e reduz-se a um modelo autorregressivo de ordem \(p-1\) em \(\Delta y_t\). O teste para a hipótese de \(\rho = 0\) é, nesse caso, o teste Dickey-Fuller Aumentado (ADF). A estatística do teste é a parte da tabela em anexo e depende da ocorrência de constante e/ou tendência no modelo.
O valor de \(\rho\) pode também ser obtido utilizando a seguinte sistemática: partindo de uma especificação geral, se o coeficiente do último termo apresentar-se não significativo, reduz-se a ordem da regressão estimada até que o coeficiente do termo correspondente à defasagem de maior ordem incluída apresente-se significativo. Se o coeficiente de nenhum termo é significativo, então \(\rho = 1\) (Campbell e Perron, 1991).
Dickey e Fuller (1979) mostraram em seu artigo que o teste apresentado era muito mais poderoso do que o feito com a estatística QLBP, o qual, até então, porém apresenta o viés de aceitar a hipótese nula mais de 95 por cento das vezes para um parâmetro próximo de, mas menor que, um. A partir daquele artigo, uma série de outros testes e tabelas foram sendo propostos na literatura (Phillips e Perron, 1988; Campbell e Perron, 1991; Perman, 1991).
A estatística de Dickey-Fuller pode, então, ser utilizada para testar se uma série que apresenta uma variação sistemática no tempo é descrita por um processo DS (Difference Stationary) com “drift” ou TS (Trend Stationary). No caso de DS a série torna-se estacionária por uma diferença. Por outro lado, TS a série torna-se estacionária com a inclusão de um termo (\(t\)).